sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo!

''Adeus, ano velho! Feliz Ano Novo! Que tudo se realize no ano que vai nascer: muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender!''

2010 foi um ano maravilhoso. Um dos melhores que tive, na verdade. Despeço-me dele como quem se despede de um parente querido, porém distante. Abraço o novo ano feliz, como quem conhece alguém que será seu amigo por muito tempo. Espero a meia-noite como quem espera receber um presente de aniversário, ansiosa para desembalar e ver o que tem dentro. Para sentir todos os cheiros e cores.

Neste ano não faltaram emoções e novidades. Trabalhei pela primeira vez em uma redação de jornal, onde fiz muitos amigos e conheci colegas que deixaram saudades. Comecei a cuidar mais de mim. Fiz caminhadas agradáveis na companhia do Caju. Comi muitas maças :P. Emagreci 15 kg. Me viciei em esmaltes, perfumes e lingeries. Saí demais com meus amigos e comi muita comida japonesa. Fui a shows de rock. Escrevi muito. Conheci o ambiente de trabalho mais divertido do mundo, com pessoas maravilhosas. Viajei, vi a família e dei uns mergulhos. Tive muitas saudades da praia. Descobri que encontrei o amor da minha vida.

No final das contas, eu vivi.

Em 2011 não quero ficar com saudades de 2010, nem desejando que nada seja como foi antes. Quero fazer de cada uma nova aventura, uma nova descoberta.

Que as horas de tédio sejam transformadas em trabalhos e ideias. Que todos os rancores e mágoas se transformem em perdão e esquecimento. Que pensemos menos em nós e mais nos outros. Que sejamos solidários, presentes, amigos. Que sejamos confiáveis e responsáveis.

Que os momentos de dor e de angústia sejam mais um motivo pra renovar a nossa esperança e nossa fé. E, acima de tudo: ''Não vamos mais nos permitir assistir e não viver.''

UM FELIZ ANO NOVO PRA TODO MUNDO!!!!!!!!!!!

Seja bem-vindo, 2011! Traga presentes agradáveis para nós!




segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sobre asfaltos e gente

O dia tinha amanhecido nublado. Ainda chovia quando ela acordou, como quem não queria que a cama a soltasse. Mas precisou sair, tomar banho e estudar. Ir para a faculdade, traçar seu futuro. Bem que aquele noite regada a amigos, músicas e vinhos poderia continuar até o dia seguinte. Mas o despertador do celular foi mais rápido que aquele pensamento.

Enfim, ela se levantou. Ainda sonolenta, se despediu dos amigos que a hospedaram. ''Foi bom te ver! Vamos marcar mais vezes!''. Velho bordão.

Desceu as escadas do prédio sobre pilotis, tão característico de Brasília. Atravessou a rua. E outra. E outra. Seu destino era a W3, onde finalmente chegaria em casa para arrumar as coisas para a aula.

Eram sete horas da manhã. Cruzou então a movimentada avenida, sempre tão cheia de pessoas correndo, mesmo que tão cedo. Parou no canteiro do meio, esperando que o fluxo diminuísse.

''Caralho, que sono!'', pensou. Nenhum carro aparentemente à vista. Os passos leves a levaram até quase o fim da rua. É, até quase. Um carro em alta velocidade veio em sua direção. Acho que ela nem teve tempo de pensar em nada no instante. Seu corpo se jogou para o lado contrário, tentando se proteger. Nem sei se ela conseguiu pensar em alguma coisa, mas, naquele momento, não era ela que tomava as decisões ali. Era seu corpo dizendo ''você não pode morrer''. O carro passou como um furacão, sem voltar atrás do caminho traçado.

Seu rosto lindo foi arranhado violentamente pelo asfalto. Já havia chegado perto da parada, onde pegaria qualquer ônibus que a levasse para a casa, de preferência em segurança.

7h30 da manhã. W3 Sul. Cheio de pessoas correndo para não se atrasar para o trabalho, para a escola. Talvez o causador daquela situação estivesse atrasado também.

A parada de ônibus estava cheia. 5, 10, 15 pessoas olhando nos relógios, ansiosas para pegar suas conduções. Nenhuma delas parou para ajudar. Nenhuma sequer hesitou! Uma menina de 20 anos caída no chão, com sangue no rosto. O rosto branco e lindo, mas ninguém estendeu se quer a mão.

Deveriam estar todos muito atrasados.

Os ônibus ignoravam seu sinal de alerta. ''O que uma garota ensanguentada pode estar querendo aqui?'', devem ter pensado. Alguns minutos depois, sozinha – completamente sozinha, ela conseguiu, finalmente, um transporte que a deixasse em seu destino final. Então ela desceu em seu ponto, em frente a sua casa.

''E se ela tivesse caído para o lado errado?'' ''E se ela estivesse atravessado a rua um milésimo de segundo antes?'' ''E se o carro tivesse a atingido?'' ''E se alguém tivesse a ajudado?'', pensou o amigo em tantas hipóteses absurdas...

Enquanto todos entretidos em seus pensamentos mediocremente fúteis. ''Será que vou perder a chamada do primeiro horário?'' ''Tenho tantas contas a pagar hoje...''.

Vocês não são gente.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Noite escura

O dia está escuro, pesado.
Tem no ar algo que eu não sei definir. Hoje deveria estar ensolarado – Vamos escolher o nosso futuro!!!

Minha Mãe se enfeita. Põe brincos sob os cabelos brancos como a neve. Suas pernas sentem seus oitenta e três anos de vida, mas ela tem esperança. Não precisa ir. Mas quer.

Quer ver em seus próximos dias seu país sorrir com a posse da verdade, com a posse do trabalho honrado, com a posse advinda de promessas não vãs...

Mas tem algo no ar...

Talvez o mar esteja com suas ondas brandas... mansas ...tristes ...como eu, inexplicavelmente, estou...

Não ouvi crianças brincando no parquinho ao lado do meu quintal ainda com as gramas molhadas pelo orvalho...

O sol não quis aparecer...

Nenhuma música no ar...

Resolvi ir para as ruas conversar com pessoas, lhes falar do “azul do Céu”, do inferno vermelho. Me vesti de céu... Mas todas estavam tristes como o dia, como a pressentir a possibilidade trágica do inimaginável real.

A tarde acabou - trazendo na noite sem estrelas brilhantes, a dura verdade não sonhada e tão temida. Deus não quis um dia feliz por saber o que traria a noite, para nós brasileiros trabalhadores, lutadores, esperançosos e confiantes em um país melhor...

A noite de 31 de outubro de 2010 trouxe em seu véu a estarrecedora notícia – Venceu a impunidade, a hipocrisia, a mentira, a corrupção.

Morreu em nós, como a noite sem luz, como muitas que hão de vir, o que nos movia. Morreu a nossa esperança. Dilma é Presidente do Brasil !!! È estarrecedor...

Texto por Edila Durval, vulgo, minha mãe :P

domingo, 17 de outubro de 2010

O último poema

''Take a look from the sky just before you die, it is the last time you will!''

Durante aqueles últimos dois minutos, viu um filme com cenas de toda sua vida passar pela sua mente.

Enquanto olhava para o céu vermelho e aquela estrada vazia, a dor era tamanha que já não sabia se queria lutar contra ela, talvez pedir socorro. Teve pressa de morrer.

O canto dos pássaros acompanhou as cenas que se passavam rapidamente, como contínuos flashes sobrepostos. Se viu criança novamente, brincando de esconde-esconde, pescando com os irmãos mais velhos. O primeiro beijo. A primeira vez que tocou no corpo de uma mulher. O primeiro conto que escreveu - sentiu o gosto de cada frase que conseguia visualizar. As primeiras viagens de carro. O primeiro porre de wisk.

Nenhuma música era tão pesada quanto aquelas que tocavam naquele velho rádio de fitas. As guitarras elétricas, os guturais. Nenhum outro dia seria tão bonito para morrer.

Olhou o céu por mais uma vez. Pela última vez.

A última respiração.
O último espasmo.

Este foi o último poema que escreveu.
O único que jamais poderá ser lido.

sábado, 16 de outubro de 2010

Rotina

6h00. Acordar. Banho, desodorante, perfume, maquiagem, arruma o cabelo. Coloca a roupa. Come. Aula. Intervalo. Risadas, beijos distraídos, uma conversa aqui e acolá. Mais aula. Ouve, pensa, escreve. Hora de ir embora. Casa. Almoço. Cochilo. Troca roupa. Trabalho. Escrever, escrever, escrever. Entrevistar, escrever, escrever, escrever. Uffa, isso cansa! Pausa. Mais trabalho. Hora de ir embora. Namorado. Carinho, conversa. Jantar. Casa. Internet. Escrever, escrever, escrever. Séries. Escrever, escrever. Sono. Muito sono. Cama. Sonhos malucos. Acordar. Banho, desodorante, perfume, maquiagem, arruma o cabelo. Coloca a roupa. Come. Aula. Intervalo. Risadas, beijos distraídos, uma conversa aqui e acolá. Mais aula. Ouve, pensa, escreve. Hora de ir embora. Casa. Almoço. Cochilo. Troca roupa. Trabalho. Escrever, escrever, escrever. Entrevistar, escrever, escrever, escrever. Uffa, isso cansa! Pausa. Mais trabalho. Hora de ir embora. Namorado. Jantar. Casa. Internet. Escrever, escrever, escrever. Séries. Sono. Muito sono.
Cama. Sonhos malucos.

Cansei. Já chegou a sexta-feira?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Encaixotar lembretes

As coisas nunca cabem nas palavras
Por isso não escrevo!
Não dá para guardar tudo sentimentos roupas papéis de carta cds presentes recordações em um mero poema, como se estivesse colocando tudo em uma caixa e acreditar que eles estão sãos e salvos a cada verso.
Não dá!
Ainda que tentasse espremer cada sentido em um livro como se fosse uma mala. Seriam tantas coisa que, mesmo a mala mais espaçosa do mundo não suportaria.
Nem mesmo uma fotografia, que dizem ter mais que mil palavras poderia explicar. Porque nenhuma dessas palavras explicariam o que elas realmente são
Nem que fosse a fotografia mais velha
Ou a palavra mais moderna

Prefiro não escrever.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sobre não escrever

Não tenho tido muita inspiração para escrever.
Os versos não passam mais pela minha cabeça como antes, quando, a qualquer hora, me tiravam sossego: no banho, no jantar, na aula, no ônibus, no bar, na igreja, no trabalho. Há tempos não tenho lapsos que sincronizavam palavras que formavam frases e que, quase sempre, queriam realmente dizer alguma coisa.
Ouvi Radiohead semana passada. Foi bom, escrevi. Não gostei.
Não gosto mais das combinações de letras que digito ou que falo.
Falar também é um problema. Me enrolo, suo frio, gaguejo.
Talvez tivesse que me ler nas entrelinhas desses pensamentos malucos sobre escrever. Talvez tivesse que ouvir mais Radiohead. Ou, talvez, tivesse que simplesmente passar os dedos pelo teclado e digitar qualquer abobrinha.
Talvez seja isso que eu esteja fazendo agora...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Uma outra estação






Estou em outra estação.
Em outro país, cercado de outras pessoas e de outras palavras.
Não sinto esse vento frio gelado. Nem mais este calor ardente.

Sim, eu sei. Eu sei que você quer compreender.
Mas entenda, baby. Nada do que eu escreva vai conseguir me decifrar.
As coisas nunca cabem nas palavras.
Foucault disse e eu estou dizendo pra você.
A realidade não é esta, não.
Você não estava errada, mas não consegue viver como eu.
Solto por essas ruas. Eu não tento encontrar o meu lugar.
Faço meu o lugar que estou.

Não preciso de nada ou ninguém para me fazer feliz.
Além de mim mesmo.
Mesmo que seja naquele banco de madeira na praça das árvores.

sábado, 20 de março de 2010

Dançando na chuva





-CORRE, MENINO! OLHA A CHUVA!

Pessoas correndo,
Guarda chuvas coloridos, destacando-se no céu cinza
As ruas empoçadas, perturbações na água, formando ondas circulares
Algumas ruas parecem ter uma correnteza
Os carros passam, molhando ainda mais quem passa na calçada

Mais pessoas correndo
Gente querendo se aquecer, se proteger

Ela passava no seu carro, com pressa de chegar em casa, cansada e pensando no jantar que estava por fazer
Parou no sinal e sorriu:
viu um casal de namorados brincando na chuva
Pulando nas poças
Rodando, rindo e se beijando no meio do temporal

Quantas pessoas estavam com medo, ou raiva daquela água caindo?
Quantas pessoas estavam se divertindo como aqueles meninos? Quase ninguém.
Aquele casal fez com que ela lembrasse o quanto o vento gelado pode curar
E que aquela água, que causava tanto desconforto a uns,
Teria sido algo inesquecível para aqueles malucos.

O sinal abriu, e seu carro molhou o casal brincalhão
Eles? Apenas sorriram.

domingo, 14 de março de 2010

Verbete: Fome

Eu gosto mesmo é de caju.
Das frutas, é a de melhor sabor e mais nutritiva
Que laranja o quê! Eu quero é caju!

Seu grande teor de vitamina C fortalece o organismo, o óleo de sua castanha é um poderoso atisséptico, que ajuda a limpar feridas e cicatrizá-las.
Sua castanha é afrodisíaca e energética.
É uma fruta poderosa, com poder medicinal de cura.

Se quiseres sentir o gosto de uma boa fruta, experimente caju.
Mas a melhor semente, é a minha :)


Esse texto também foi publicado no Porjeto Verbete: http://web.me.com/pedroferrari/mundocao/Projeto_Verbete/Entradas/2010/3/2_5_Verbete__fome.html

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Verbete: Memória

O cheiro afável ficou em sua lembrança. Não se lembrava de mais nada, a não ser das luzes (que faziam a gente ficar cada mais mais bêbados) e das pessoas gritando ao redor daqueles dois loucos. Vivia naquela adrenalina e lembrava das cenas daquela noite como se fosse um sonho.
Meses depois, conversavam sobre como queriam viver suas vidas em um filme em que seriam os atores principais, para poderem se rever em cada momento daquela memória esquecida. O que ficou embaçado. Play. Stop. Pause.
''Não era assim que eu me recordava! Eu não me lembrava de ter dito aquilo!''
''Caracas, que legal, eu não me lembro disso!''
Memórias que pouco importavam aos outros, mas que preciosas para eles, que tentavam, a todo custo, recuperar todos os detalhes daquela festa.
Mas já chega mais uma cerveja, mais um olhar distraído, mais uma história a ser contada.
Logo, esta será esquecida também...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Medidor de humor.

''É muito fácil saber quando você está bravo... Você corre!''

Era, de fato, muito fácil saber como ele se sentia. Bastava olhar para velocímetro de seu carro discretamente vermelho.
A velocidade dos pneus girando eram proporcionais à velocidade de seus pensamentos e de seus desejos imediatos
.
A volta pra casa era sempre rápida, principalmente durante as madrugadas, quando pareciam que as ruas eram só dele. Um dia, chegou a atingir 170 quilômetros por hora!
Sentia o carro trepidar, perdendo a estabilidade... Mas como era bom sentir aquele vento frio no rosto e chegar em casa em apenas 15 minutos!

Nos dias que ele levava sua namorada para casa, o humor mudava. A única coisa que importava era fazer com que as conversas durante o caminho durassem mais. Mais uma risada, mais uma história alegre, mais um cafuné envergonhado no motorista... Naqueles dias, o velocímetro não marcava mais que 80 km/h. A não ser dos dias que a namorada passava mal ao seu lado, o surpreendendo com uma dor-de-barriga-desesperada que o fizesse fazer curvas à 100km/h e ultrapassar o que estivesse à sua frente. Mas quando ela bebia demais, ele tinha o máximo de cuidado para não tornar a viagem pior com movimentos repentinos, nem fazer com que a velocidade trouxesse problemas desagradáveis. Seu máximo era 60km/h.

A hora das discussões também eram momentos tensos. Principalmente para ele, que não buzinava, não gritava, não brigava. O silêncio trazia um constrangimento tamanho àquele casal tagarela. Nesses dias, tudo que eles queriam era que o tempo passasse mais rápido, levando o silêncio embora. A 110km/h, só se ouvia o barrulho do motor.

No dia seguinte de manhã, tinha apenas o rádio como companheiro. Notícias, músicas e 80 km/h para tornar o dia na faculdade mais agradável.
E logo vinha a namorada para fazê-lo correr para fumar...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Kriptonita

Antes que eu diga coisas absurdas, eu vou me calar. Antes que eu me sinta vazio, vou me encher de fumaça e me trancar com meus livros antes que eles pairem também pelo ar. E antes de pensar em mudar por você, vou respirar e engolir essa paixão ridícula que só me causa desprazer. Você fala muito de amor, você anda como se estivesse flutuando em sua sabedoria, mas em seus olhos eu só vejo arrogância. Então, pra não falar mais nada eu vou me calar. Pra que não me sinta vazia e mesquinha perto de você, vou lavar meus dedos, antes de tacar-lhes fogo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Sinestesia

Seus olhos me beijavam e eu quase consegui sentir o cheiro do seu espírito.
Uma vez que ele esteve aqui, jamais quis que ele se fosse. Me fez parte dele, como sou parte de sua casa. Os cabelos, os roxos, os olhos pintados de preto.
Olhos, que abertos observavam o sono tranquilo de quem se sente seguro, mesmo longe de casa. Por um instante, achei que fosse sonho, ouvindo sua voz ao telefone que parecia tocar loucamente.
Um dia fecharei meus olhos, não como quem tem medo do real, mas como alguém que faz dos seus pensamentos mais íntimos, reais. Cotidianos.
O relógio da parede marca 4 horas, mas já escureceu. Nenhum movimento calculado, nenhuma pressa para voltar pra casa.
Enxergou em mim sua melhor parte e me faz beijar seus olhos. Como num primeiro instante, com olhares etílicos e bochechas ruborizadas. Prende o tempo e solte-o, só pra nunca mais querer voltas atrás.
Como num único passo. Pra subir no arco-íris... Como num passe de mágica, tornou-se real.