quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

parte 2

Nós crescemos. Talvez não nos achamos mais nas letras e livros porque os personagens construídos não foram feitos para nós. Éramos e seremos ainda únicos, cada vez maiores, cada vez menores e mais aquém de um sonho espetacular. Porém, iremos mais além de qualquer nó-cego. Ficaremos a fitar os olhos coloridos, a escutar as músicas que cantávamos ao conversar e até se existir uma chance, publicaremos livros, revistas e cd's com as nossas almas estampadas na capa. Talvez alguém em algum dia, ache seu “eu”, dentro do nosso, para depois desfazer-se e perceber que a nossa grandeza é pequena demais e que o nosso tão recriminado nanismo, é na verdade um excesso de vontade.

Vontade essa que transbordará todas as vezes que nos sentirmos crianças em corpos grandes, ou adultos em corpos pequenos. Perceberemos cada vez mais que essa auto-crítica inversamente proporcional ao nosso ser é cada vez mais complexa, com grafos se formando e mantendo-nos sempre ligados a nós mesmo, em uma catarse de lembranças e emoções que, questionamos até podem ser naturais.

Questionar o tempo que passou por nós é inadequado. Questionaremos os nossos atos, que por serem incertos. Como o mormaço posto após a chuva que foi precedida por um vento cortante e mudou tudo de lugar, enquanto ficamos parados questionando movimentos e sopros dados na nossa própria direção. Quero te soprar a vontade que tenho de ver em olhos coloridos, rumos trilhados e cartas alegres de saudade. Não quero que o vento venha ou vá, quero que faça o que deve ser feito, pois não importa a força do vento, e sim a força que nos faz virar a cabeça para um fenômeno natural e escrever palavras cativantes, que motivem e façam surgir outras histórias de amigos que nunca se perderam. Interligados em pensamento ou atos, incertos, felizes e inquietos, seremos nós mesmos os nossos próprios nós.

By: Pablo Emílio - www.pabloemilio.com.br


parte 1

Eu não sei mais quem eu sou. Vejo minhas coisas, minhas letras e meus livros jogados e não me reconheço mais neles. Eu não sei porque mudei, se foi você que me fez mudar. Não interpreto como antes aquelas mesmas frases, olho minhas fotos de escola e vejo os meus amigos tão distantes deles mesmos... Até o meu sorriso que você tanto gostava mudou. Mas mesmo assim você o nota cada vez mais forte e sereno.

Me pergunto se mudei pelos outros ou por mim mesma. Se eles me moldaram ou se eu me modifiquei por que não cabia mais nas minhas roupas pequenas. Mas eu me sinto grande demais pro que eu era, e pequena demais pra quem eu quero ser.

Mas os teus olhos ainda brilham pra mim como nunca deixaram de brilhar e tua boca ainda me deseja como no primeiro instante, assim como a minha alma ainda quer a tua e minhas mãos ainda procuram teu rosto para beijá-lo.

O tempo foi e a gente ficou. Apesar de não estarmos inertes a ele, ele passou por nós como o vento que precede a chuva: fraco demais pra te derrubar, mas frio e cortante, o suficiente para te fazer movimentar os pés e te tirar do espaço que ocupava, sem se notar ou se importar se seus passos serão para frente ou para trás... Você se abala, e desvia-se.

Me pergunto se ele é tão forte assim e se todos mudaram de lugar como eu. Esse vento às vezes parece me perseguir, fazendo com que eu nunca pare, nunca me adeqúe a lugar algum. Não me deixa andar nem parar.

Penso se será sempre assim, ou se algum dia haverá algum arco-íris que se formará depois da chuva, quando o vento se acalmar.

Ou então se o vento um dia trará seus beijos de volta, se tua boca voltará a encontrar a minha alma e se ela voltará a fitar teus olhos negros. E se eles verão meu sorriso radiante ao te ver...

Se o vento então, voltar a soprar e nos levar pra outro lugar, longe ou perto de onde estivemos antes, se estaremos juntos pra ver o arco-íris se formar, longe da tempestade lá fora... Vendo o sol nascer e outro dia raiar, e outras letras a desenhar, outros livros a desvendar, outros amigos a se reencontrarem... E se seremos mesmos nós...

By: Claudia Bittencourt