sábado, 21 de fevereiro de 2009

This time

A ferrugem ficou fixada dentro do seu olhar. O chão cheio de folhas, os escarros alheios, os blocos de concreto sem tinta, as telas "rasgadas" com seus soluços de dor e os vidros se quebrando por conta dos seus gritos de alegria.
As cores do pôr-do-sol refletidas no chão e nas janelas dos prédios, que abrigam e aprisionam pessoas dentro de si mesmas.
O claro e o escuro brincando de ser triste ou feliz. Mas nenhum ganhou. Pois nem a luz nem a sombra verdadeiramente sabem o que é a alegria ou a tristeza. Eu não sei. Você não sabe.
Me atirei no chão e nos seus braços, na tentativa de ficar sob a penumbra daquele dia marcado. Mas não vi nada. Nem mesmo o vazio. Vazio era a única coisa que não podia sentir. Mas gritava, gritava dentro de mim pela vontade de viver e de trilhar novos rumos e por não conseguir enxergar além das janelas que refletiam a luz.
A luz que está lá mas não aquece. A mesma luz que estourou as minhas fotos da infância.
Mas desta vez eu estava lá, sozinha, com as minhas lembranças...


Foto: Juliana Sousa - http://www.flickr.com/photos/julianasousa

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Viagens

Já não há mais motivos para querer ficar, querer voltar, querer estar.
As distâncias são grandes, muito grandes. E as viagens são muito longas e cansativas. Não pensar por que querer ficar é quase como ignorar o percurso do tempo, que ele insiste em jogar na nossa cara, dando-nos tapas que doem. E que esses sim, permanecem.
Não adianta olhar para o retrovisor e ver uma bela cidade iluminada, querer ficar, e seguir em frente.
Vai, pára na esquina, acende seu cigarro de palha. E anda.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Castelos

Agora as lembranças dos dias de riso são tomadas pelo vazio dos dias sem calor, do escoar do tempo sob minhas mãos cansadas de tentar manter sozinha um império de sonhos construídos. Desmoronados.
Chances - perdidas
Palavras - não ditas
Cravadas. Marcadas.

Fere o corpo com suas próprias mãos. Deixa o sangue não parar de sangrar a sua vontade de ter feito simplesmente o que gostaria de fazer. De se entregar a um só amor capaz de mantê-lo são e inabalável.

Correntes - quebradas.
Portas - abertas.
E se estiverem fechadas, fuja pela janela. Pense que ao menos por uma vez nossas mentes estarão ligadas, a ponto de não esquecermos um do outro mesmo quando o corpo está longe. E estar longe mesmo estando perto.
Não, não quero que tentes perder-me de vista, não quero que fujas do seu próprio espírito, negando-me a toda e qualquer circunstância como Pedro negou a Cristo e se arrependeu depois.
Não quero que te arrependas. Quero que vivas. Com a vontade que ninguém nunca teve de recuperar as chances destroçadas, as palavras quebradas, desmoronar as portas fechadas e construir fortalezas não de sonhos, mas de realidades compartilhadas.
Quebre a culpa. O arrependimento. A dor. O desespero.
Enterre sua vontade mórbida de calar-se diante daqueles que não te compreendem. Tolos. Todos. Hipócritas.

Construa as verdades que quiser e grite-as a quem quiser ouvir.
Focos - atentos
Olhares - difusos

Vontades. Verdades.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Retalhos

E que a minha loucura seja perdoada, pois consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade, e eu prefiro ser essa metaformose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Quem inventou o amor?! Quero um machado pra quebrar o gelo, ou algum veneno antimonotonia.
Então, me diz: qual é a graça de já saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada?


Referências: Metade - Oswaldo Montenegro, Sereníssima - Legião Urbana, Metamorfose Ambulante - Raul Seixas, Antes das Seis - Legião Urbana, Austronauta de Mármore - Nenhum de Nós, Todo Amor que Houver Nessa Vida - Cazuza, A Seta e o Alvo - Moska.