segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Kriptonita

Antes que eu diga coisas absurdas, eu vou me calar. Antes que eu me sinta vazio, vou me encher de fumaça e me trancar com meus livros antes que eles pairem também pelo ar. E antes de pensar em mudar por você, vou respirar e engolir essa paixão ridícula que só me causa desprazer. Você fala muito de amor, você anda como se estivesse flutuando em sua sabedoria, mas em seus olhos eu só vejo arrogância. Então, pra não falar mais nada eu vou me calar. Pra que não me sinta vazia e mesquinha perto de você, vou lavar meus dedos, antes de tacar-lhes fogo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Sinestesia

Seus olhos me beijavam e eu quase consegui sentir o cheiro do seu espírito.
Uma vez que ele esteve aqui, jamais quis que ele se fosse. Me fez parte dele, como sou parte de sua casa. Os cabelos, os roxos, os olhos pintados de preto.
Olhos, que abertos observavam o sono tranquilo de quem se sente seguro, mesmo longe de casa. Por um instante, achei que fosse sonho, ouvindo sua voz ao telefone que parecia tocar loucamente.
Um dia fecharei meus olhos, não como quem tem medo do real, mas como alguém que faz dos seus pensamentos mais íntimos, reais. Cotidianos.
O relógio da parede marca 4 horas, mas já escureceu. Nenhum movimento calculado, nenhuma pressa para voltar pra casa.
Enxergou em mim sua melhor parte e me faz beijar seus olhos. Como num primeiro instante, com olhares etílicos e bochechas ruborizadas. Prende o tempo e solte-o, só pra nunca mais querer voltas atrás.
Como num único passo. Pra subir no arco-íris... Como num passe de mágica, tornou-se real.