terça-feira, 27 de novembro de 2007

Blurry

Uma paisagem meio distorcida de tudo que eu deixei pra trás, de tudo que eu quis ter e não pude.
Por trás daquele vidro embaçado sempre via a tua imagem. Clara e distante, ofuscada. Mas chovia tanto que eu não conseguia enxergar direito...
Só me lembro de ouvir a tua voz, que me falava tudo que eu precisava ouvir pra seguir. Me dizia pra ficar.
Peguei as minhas pequenas malas de viajante e fui, como quem não tem pra onde ir. E eu não tinha mesmo...
Atrás, um passageiro, o mais alegre daquele carro ficou horas olhando pro nada, e de repente desenhou um coração, escrito ao lado: "Eu te amo".
Quem leria aquela mensagem tão simples, e tão tocante ao mesmo tempo, eu não sei.
Só sei que dentro daquele carro, ele foi o único que teve coragem de dizer algo (diferente de adeus).

sábado, 24 de novembro de 2007

Um retrato colorido

Se eu escrevesse pra tentar te esquecer, teria que escrever um livro de mil páginas, e mesmo assim não te esqueceria. Seriam folhas com letras mortas que não valem de nada. Rasgaria essas folhas e as jogaria ao vento para levá-las longe. Porque por mais que eu escreva, pense, fale, mesmo que eu viva uma eternidade, eu nunca vou te esquecer. Perdi a conta de quantas vezes já pedi pra Deus te arrancar da minha memória, como em "um brilho eterno de uma mente sem lembranças". Mas lembranças são o que não me faltam, pois tudo que eu olho me lembra você. Desde grandes fones de ouvido até as folhas caídas no chão do parque.

Às vezes queria que fosse aquele parente distante, que só se lembra nos aniversários, ou ao se olhar um retrato. Queria que o seu retrato e o seu sorriso não tivessem ficado gravados na minha mente, ou que pelo menos fosse um retrato colorido...

2/10/07

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Das nossas chuvas...

Eu vi sua foto no metrô. Tava sorrindo, distante, apaixonada, cega...
Éramos 8, depois 7, que chegaram a 2...
O que houve com a nossa sinceridade, nossa paixão, nossos planos, criações, abraços alegres, chorosos...? Viraram só choros sentados na escada ouvindo música olhando a chuva.. Aquela mesma chuva que antes era motivo de brincadeira, de pulos nas poças. Antes a gente entrava nela, agora só a vemos por de trás dos vidros. Olhando, inerte.
Eu não acredito que o beijo seja a véspera do escarro. Não acredito no seu escarro, no seu beijo, na falsidade das suas palavras, na sua sinceridade, na sua indiferença, na sua compaixão, no seu julgamento, na sua compreensão. Não acredito em nada, do que antes acreditava em tudo. Em tudo...
Queria nossos sorrisos e nossas chuvas de novo.